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Preço do café dispara e produto pode ficar ainda mais caro nos próximos meses

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Preço do café dispara e produto pode ficar ainda mais caro nos próximos meses

Brasil – O café arábica, um dos principais produtos agrícolas brasileiros, enfrenta uma alta histórica nos preços, trazendo alívio momentâneo para produtores, mas também expondo o setor a uma crise financeira preocupante. Em 2024, o preço do grão disparou 70%, alcançando o maior patamar em mais de 40 anos, segundo especialistas do mercado.

Embora o aumento seja uma boa notícia para quem vende a commodity, os custos operacionais elevados e as oscilações do mercado têm gerado instabilidade. Minas Gerais, maior estado produtor de café do Brasil, é o epicentro desse cenário, com empresas exportadoras enfrentando dificuldades para manter suas finanças em ordem.

Exportadoras em Crise

Empresas tradicionais como a Atlântica Exportação e Importação, responsável por cerca de 8% das exportações brasileiras de café arábica, recorreram à Justiça para renegociar dívidas. Sua afiliada, a Cafebras, seguiu o mesmo caminho. Ambas pertencem ao Grupo Montesanto Tavares, que viu os custos operacionais dispararem devido às chamadas de margem — exigências de depósitos adicionais pelas corretoras para cobrir riscos financeiros.

Essas chamadas de margem, que em novembro somaram cerca de US$ 7 bilhões, têm pressionado as finanças das tradings. “O custo de hedge subiu de 74% para 158% dos recebíveis desde maio, tornando a operação insustentável no curto prazo”, aponta um relatório judicial da Atlântica.

Pânico no Mercado

Segundo Marcelo Moreira, especialista da Archer Consulting, o mercado está tomado por rumores de que outras tradings podem enfrentar dificuldades semelhantes. “Isso cria um efeito cascata, aumentando o pânico e pressionando ainda mais os preços”, explicou.

A instabilidade também tem origem no aumento da demanda por café de alta qualidade, que não acompanha o ritmo da oferta, afetada por condições climáticas desfavoráveis e estoques reduzidos em países consumidores.

Impactos para o Consumidor

Para o mercado interno, o cenário não é animador. O aumento nos custos de produção e as dificuldades logísticas devem continuar pressionando os preços do café no varejo. Especialistas alertam que os consumidores podem pagar ainda mais caro pela bebida nos próximos meses, com altas que podem ultrapassar 10% até o início de 2025.

Além disso, o impacto pode ser sentido em toda a cadeia produtiva, desde pequenos agricultores até grandes exportadores, aprofundando os desafios para a economia brasileira e sua reputação como líder no mercado global de café.

Perspectivas e Soluções

Enquanto o setor aguarda uma estabilização nos preços e soluções para as crises financeiras, as expectativas giram em torno de mudanças nas políticas de hedge e maior apoio governamental para evitar o colapso de grandes players.

A alta histórica do café, embora benéfica em alguns aspectos, revela a necessidade de estratégias mais robustas para lidar com a volatilidade do mercado e garantir a sustentabilidade de uma das principais commodities do Brasil.


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