“Juros nas alturas!”: Copom eleva juros básicos da economia para 12,25% ao ano
Brasil – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu o mercado ao elevar a taxa Selic para 12,25% ao ano, uma alta de 1 ponto percentual. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (11), é uma resposta às pressões inflacionárias causadas pela valorização do dólar, o aumento do preço dos alimentos e os impactos do novo pacote fiscal do governo.
Essa é a terceira alta consecutiva, marcando o fim de um curto período de redução e consolidando um ciclo de aperto monetário. A Selic, que havia caído para 10,5% ao ano em meados de 2023, voltou ao patamar registrado em dezembro do ano passado.
Em comunicado, o Copom indicou que o cenário inflacionário está mais adverso do que o esperado. A estimativa para o IPCA de 2024 subiu para 4,9%, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O impacto no bolso do consumidor já é sentido, com o aumento no preço de alimentos, como carne, e serviços, como passagens aéreas.
A elevação da Selic tem implicações diretas na vida da população. Com juros mais altos, o crédito para consumidores e empresas fica mais caro, desestimulando o consumo e a produção. Além disso, a medida encarece os financiamentos de longo prazo, como os imobiliários, e pode desacelerar a recuperação econômica.
Por outro lado, a medida é vista como necessária para conter o avanço dos preços. Segundo o Copom, a alta nos juros é a principal ferramenta para controlar a inflação e evitar que ela fuja ao controle.
A decisão do Banco Central também reflete as incertezas econômicas globais, como a desaceleração da economia chinesa e o impacto das altas taxas de juros nos Estados Unidos. No Brasil, o ruído causado pelo novo pacote fiscal do governo elevou o risco-país e pressionou a cotação do dólar, aumentando os custos de importação e, consequentemente, a inflação.
Com a mudança na presidência do Banco Central, que será assumida por Gabriel Galípolo em 2024, analistas temem um ambiente ainda mais volátil, já que o alinhamento entre a política fiscal do governo e a política monetária é essencial para estabilizar o cenário econômico.
O mercado já projeta revisões nos indicadores econômicos para 2024. Apesar do crescimento de 3,39% do PIB esperado para o próximo ano, o aumento dos juros pode esfriar o ritmo. “A estratégia do Banco Central é clara: controlar a inflação a qualquer custo, mesmo que isso signifique sacrificar o crescimento no curto prazo”, analisa um economista ouvido pela reportagem.
Com novos aumentos previstos para janeiro e março, a Selic pode ultrapassar 14% ainda no primeiro semestre de 2024. Para consumidores e empresários, o cenário é de cautela e planejamento rigoroso, enquanto a economia brasileira tenta equilibrar os desafios internos e externos.