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Energia, combustíveis e logística dificultam a queda de preços de alimentos no Brasil

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Energia, combustíveis e logística dificultam a queda de preços de alimentos no Brasil

Brasil – Nas últimas semanas, o Brasil começou a registrar uma queda significativa nos preços de alguns alimentos, algo que chamou a atenção dos consumidores. Apesar de ser um dos maiores produtores mundiais de alimentos, o mercado interno brasileiro ainda enfrenta muitos desafios que impactam os preços. De acordo com o especialista em agronegócio Marcos Fava Neves, vários fatores econômicos influenciam diretamente essa dinâmica, tanto nos momentos de alta quanto de queda nos valores dos alimentos.

Entre os principais elementos que afetam os preços estão os custos de produção, como energia, combustíveis e logística. Durante períodos de inflação alta, o poder de compra da população diminui, e os agricultores são obrigados a repassar esses custos para o consumidor final, elevando os preços dos alimentos. No entanto, atualmente, a desaceleração da inflação e a melhora em alguns componentes de custo, como combustíveis, têm possibilitado a recente queda.

Outro fator relevante é a logística de transporte, especialmente no Brasil, que depende fortemente das rodovias para a distribuição de alimentos. O país, com dimensões continentais, enfrenta desafios com sua infraestrutura, que ainda necessita de investimentos em ferrovias e portos. A melhoria nas condições de transporte e uma logística mais eficiente podem ajudar a diminuir o preço dos alimentos nas prateleiras.

A comoditização do agronegócio brasileiro, com foco em produtos como soja e milho para exportação, também afeta a produção de alimentos essenciais para o mercado interno, como arroz e feijão. Segundo Marcos Fava Neves, o Brasil não exporta grandes quantidades desses alimentos básicos, mas, em alguns casos, precisa importar para suprir a demanda interna, o que pode impactar o preço. No entanto, em momentos de queda no dólar, a importação torna-se mais barata, facilitando a redução dos preços para o consumidor.

Além disso, a negociação em dólar no mercado externo influencia o preço final dos alimentos no Brasil. Quando o real se valoriza em relação à moeda norte-americana, o mercado internacional se torna menos atrativo, direcionando mais produtos ao mercado interno, o que ajuda a baixar os preços. Contudo, essa dinâmica também aumenta o custo de insumos importados, como fertilizantes, essenciais para a produção agrícola.

Para que a queda dos preços seja sustentável, Marcos Fava Neves sugere maiores incentivos aos produtores de alimentos essenciais, como linhas de crédito com juros reduzidos e investimentos em infraestrutura logística. Isso não apenas contribuiria para reduzir os custos de produção e transporte, mas também ajudaria a combater a insegurança alimentar no Brasil.

A diminuição nos preços dos alimentos, portanto, é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a desvalorização do dólar, a desaceleração da inflação e a melhoria em componentes logísticos e produtivos. No entanto, para que essa redução seja mantida, é necessário um esforço conjunto de políticas públicas voltadas para o agronegócio e o fortalecimento da produção interna de alimentos básicos.

(Créditos: Marcos Fava Neves, professor titular da Faculdade de Administração da USP, especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio, fundador da Harven Agribusiness School)


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