Zombando do povo: vereadores de Manaus fazem artimanha para aprovar discretamente o aumento dos próprios salários
Manaus – A Câmara Municipal de Manaus votou nesta segunda-feira (9) um projeto de lei que prevê o aumento de 37% nos salários dos vereadores. A Mesa Diretora, presidida por Caio André, recebeu o parecer favorável das comissões. Caso a proposta seja sancionada pelos 41 parlamentares, o valor do salário passará de R$ 18.991,69 para R$ 26.080,98 a partir de 2025.
A informação sobre a votação foi publicada na Pauta da Reunião Ordinária neste domingo (8), horas antes do próprio ato, em um movimento que se mostra mais um exemplo de falta de transparência e respeito com a população. O projeto foi mantido em sigilo pela Mesa Diretora da Câmara, possivelmente para evitar tumultos e manifestações da sociedade, que, ao ser informada, demonstrou revolta com toda a razão. O objetivo claro parece ter sido blindar os parlamentares de qualquer pressão ou questionamento popular no momento da votação.
O projeto, proposto pela Mesa Diretora, justifica o reajuste como uma tentativa de alinhar os salários dos vereadores aos dos deputados estaduais, que também terão aumento em 2025. Contudo, o que deveria ser uma medida voltada para a prudência fiscal e o compromisso com a população se tornou um verdadeiro escárnio diante da realidade social da cidade.
Enquanto os vereadores negociam seus próprios aumentos com números exorbitantes, a disparidade social se torna cada vez mais visível. O salário mínimo, que sustenta trabalhadores que atuam em jornadas de 44 horas semanais, é de R$ 1.412,00. Isso significa que enquanto milhões de trabalhadores em Manaus enfrentam dificuldades para sobreviver com um salário que mal cobre suas necessidades básicas, os representantes eleitos, que frequentemente aparecem na Câmara apenas dia sim, dia não, buscam elevar seus próprios ganhos em proporções inacreditáveis.
O reajuste é visto por muitos como uma afronta à população que luta diariamente para sobreviver em meio a desafios econômicos. É impossível ignorar que esses números representam um descompasso cruel entre os salários dos gestores públicos e a realidade da maioria dos cidadãos manauaras.
O sentimento de revolta é generalizado: como podem os parlamentares aumentar seus ganhos em meio a uma realidade marcada por tanta desigualdade social, precariedade nos serviços públicos e a luta constante da população para ter acesso ao básico?
O aumento de salários proposto é, sem dúvida, uma demonstração de prioridade equivocada e uma prova de que, para muitos gestores políticos, o compromisso com o bem-estar da população está em segundo plano. Enquanto milhões enfrentam dificuldade, esses vereadores preferem elevar seu próprio padrão de vida.
Este projeto é mais um capítulo de uma história política onde os interesses pessoais parecem sempre prevalecer sobre as necessidades da população. O escárnio está exposto e, para a população de Manaus, resta questionar: até quando esses abusos continuarão sem resposta?
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