Reprovação de Lula no mercado financeiro atinge 90%, diz pesquisa Quaest
Brasil – A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta segunda-feira (4), revelou uma piora significativa na percepção do mercado financeiro sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre gestores, economistas, analistas e operadores de fundos de investimento, a reprovação ao governo saltou de 64% em março para 90% na pesquisa atual. Com isso, Lula retorna ao patamar de rejeição observado no início de seu mandato.
O levantamento foi realizado entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, um período que incluiu a repercussão do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo. Apenas 7% dos entrevistados avaliaram o governo como regular, uma queda expressiva em relação aos 30% da pesquisa anterior. A aprovação positiva recuou ainda mais, de 6% para apenas 3%.
Segundo analistas, a deterioração na percepção do mercado reflete tanto a falta de confiança nas medidas econômicas quanto as dúvidas sobre a capacidade do governo de entregá-las em um cenário político complexo. A pesquisa incluiu 105 entrevistas com profissionais de fundos de investimento baseados em São Paulo e Rio de Janeiro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que era visto como um ponto de estabilidade no governo, também sofreu com a percepção negativa. Para 61% dos entrevistados, Haddad perdeu força desde o início do mandato. Ainda assim, ele continua sendo cotado como um potencial candidato da esquerda nas eleições de 2026 caso Lula não dispute a reeleição, uma possibilidade mencionada por 82% dos entrevistados.
Por outro lado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é o líder mais confiável na visão do mercado. Cerca de 70% dos entrevistados afirmaram confiar muito nele, destacando sua postura firme na condução da política monetária. Já Gabriel Galípolo, que assumirá o BC em janeiro, enfrenta maior ceticismo, com 55% dos entrevistados dizendo confiar pouco ou nada nele.
No âmbito político, a pesquisa também revelou cenários prováveis para as eleições presidenciais de 2026. A maioria (70%) acredita que Lula tentará a reeleição, mas 66% avaliam que ele não é o favorito. Caso Jair Bolsonaro permaneça inelegível — e com 55% dos entrevistados apostando que ele será preso até 2026 —, o mercado acredita que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, será o principal nome da direita.
Se Lula optar por não disputar, Fernando Haddad desponta como o nome mais provável da esquerda. No entanto, a confiança do mercado em Haddad é significativamente menor do que em Campos Neto, o que pode dificultar sua aceitação junto aos setores financeiros.
Congresso sob avaliação
O levantamento também capturou uma piora na percepção do mercado sobre o desempenho do Congresso Nacional. A reprovação subiu para 41%, contra 17% no último levantamento realizado em novembro de 2022. O mercado projeta maior oposição ao governo no Senado, caso Davi Alcolumbre (União-AP) assuma a presidência da Casa. Por outro lado, na Câmara dos Deputados, a percepção é de maior alinhamento ao governo, com Hugo Motta (Republicanos-PB) sendo visto como mais próximo de Lula do que o atual presidente, Arthur Lira.