Moraes usou órgão do TSE para coletar informações sobre pedreiro de obra
Brasil – Uma investigação recente trouxe à tona práticas controversas envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o uso de recursos públicos para objetivos pessoais. De acordo com informações obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo, Moraes teria utilizado a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para realizar investigações sobre um prestador de serviços que faria obras em sua residência.
O Uso da AEED e a Envolvimento da Polícia Militar
Mensagens trocadas entre Wellington Macedo, policial militar alocado no gabinete de Moraes, e Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED, revelam o uso indevido de bancos de dados da Polícia Civil de São Paulo para obter informações privadas do prestador de serviços. A troca de mensagens, que faz parte de um vasto conjunto de mais de seis gigabytes de dados extraídos de conversas no WhatsApp entre auxiliares de Moraes, mostra um fluxo irregular de informações entre o STF e o TSE.
Em fevereiro de 2023, Macedo solicitou a Tagliaferro uma verificação da ficha criminal de um indivíduo cujo nome foi fornecido pelo PM. A justificativa para a consulta era que a pessoa estaria envolvida nas reformas do apartamento do ministro. Tagliaferro, por sua vez, rapidamente acessou e compartilhou informações confidenciais, incluindo relatórios da Polícia Judiciária de São Paulo, registros civis e boletins de ocorrência.
A Repercussão das Descobertas
Após receber os relatórios, que incluíam um registro de homicídio – posteriormente confirmado como pertencente a um homônimo –, Macedo agradeceu Tagliaferro, indicando que as informações seriam repassadas ao “chefe”, referindo-se ao ministro Moraes.
O uso de uma estrutura oficial, criada para combater a desinformação e garantir a integridade das eleições, para investigar um prestador de serviços pessoal de Moraes levanta sérias questões sobre a ética e a legalidade das ações do ministro. A descoberta de que informações sensíveis foram acessadas e utilizadas fora dos trâmites regulares entre o STF e o TSE pode gerar uma crise de confiança nas instituições envolvidas.
Implicações e Consequências
As revelações devem provocar um debate intenso sobre o papel e os limites da atuação de autoridades públicas. O vazamento dessas mensagens, que demonstram um uso potencialmente abusivo de recursos públicos para fins pessoais, pode resultar em investigações mais aprofundadas e, possivelmente, em medidas disciplinares.
Até o momento, Alexandre de Moraes e os envolvidos na troca de mensagens não se pronunciaram sobre as acusações. No entanto, a pressão pública e institucional para uma explicação clara e transparente dos eventos é crescente, e pode forçar uma resposta nas próximas semanas.
com informações via Revista Oeste