Entidades emitem nota de repúdio e acusam concurso da Câmara Municipal de Manaus de racismo; veja
Manaus – Nesta quarta-feira (20), uma nota de repúdio conjunta assinada por diversas entidades, incluindo a OAB-AM, Unegro (União de Negros e Negras pela Igualdade), MEI-AM (Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas), Coletivo Pererê e a Associação pela Advocacia Popular do Amazonas, acusou a Câmara Municipal de Manaus (CMM) de racismo.
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A reação das entidades decorre da manifestação da Procuradoria-Geral da CMM na ação civil pública movida pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM). O processo contesta a ausência de cotas raciais no concurso público realizado pelo Legislativo no último domingo (17). Em sua defesa, a Procuradoria utilizou argumentos considerados discriminatórios pelas instituições:
– “Nossa população é majoritariamente parda, quase não há negros”, afirmou a Procuradoria, comparando a situação de Manaus à cidade de Salvador e argumentando que cotas para negros “incentivariam a desigualdade racial contra brancos, pardos e indígenas”.
Nota de repúdio
As entidades denunciaram a linguagem utilizada pela CMM como desrespeitosa e reforçaram a importância das cotas raciais:
– “A cota racial não é favor, é uma justiça histórica. Tratá-la com desprezo e linguagem ofensiva é potencializar o racismo”, afirmaram.
Segundo as organizações, a postura da Procuradoria representa “violência racista institucional”. Além disso, destacaram que o sistema de cotas é um mecanismo essencial para combater desigualdades resultantes do colonialismo e da escravidão.
Outras polêmicas no concurso da CMM
A jornalista Edilânea Souza, que prestou o exame para o cargo de jornalista, denunciou inconsistências graves no conteúdo das provas e nos gabaritos.
– “Questões idênticas entre provas de cargos diferentes apresentavam respostas distintas no gabarito. Além disso, a ordem das questões mudou inexplicavelmente entre a versão impressa e a divulgada no site do Instituto Acesso”, relatou.
Outros candidatos relataram fechamento antecipado dos portões e confusões logísticas que prejudicaram participantes.
Futuro incerto para o concurso
O MP-AM também já havia movido uma ação civil pública contra a ausência de cotas raciais, apontando flagrante descumprimento de normas nacionais e internacionais que garantem a reserva de vagas para negros, indígenas e quilombolas.
Agora, diante das denúncias de irregularidades e das acusações de racismo, o futuro do concurso segue incerto. Candidatos exigem respostas claras da Câmara Municipal e do Instituto Acesso, enquanto cresce a pressão por uma solução que assegure justiça e igualdade no processo seletivo.
“É preciso responsabilização”
A jornalista Edilânea Souza, como muitos outros candidatos, cobra explicações da CMM:
– “Pagamos caro para participar de um concurso que deveria ser justo, mas nos deparamos com desorganização e linguagem discriminatória. Quem vai responder por isso?”
Enquanto a Câmara permanece em silêncio, as acusações colocam em xeque a credibilidade do processo seletivo e a gestão do Legislativo municipal.