Brasília Amapá Roraima |
Manaus
STORIES
Brasília Amapá Roraima

Bolsonaro e Lula podem não participar das Eleições de 2026: “Quem irá herdar as lideranças da direita e da esquerda?”

Compartilhe
Bolsonaro e Lula podem não participar das Eleições de 2026: "Quem irá herdar as lideranças da direita e da esquerda?"

Brasil – A polarização política no Brasil tem sido marcada pela presença contundente de dois grandes nomes: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, as eleições de 2026 poderiam ocorrer sem a participação destes titãs da política brasileira. Lula, aos 81 anos, enfrenta problemas de saúde que podem influenciar sua disposição ou capacidade para concorrer novamente. Já Bolsonaro, devido a uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o declarou inelegível até 2030, ainda que lute para reverter a decisão, até o momento não poderá oficialmente disputar o cargo, embora ainda exerça uma influência significativa sobre seu eleitorado e partido.

A necessidade de renovação é um desafio complexo. A esquerda, que se acostumou a orbitar em torno do carisma e liderança de Lula, agora precisa encontrar alguém que possa unir seus diversos segmentos. Já a direita, com a ausência de Bolsonaro, deve lidar com a fragmentação de seu eleitorado e a busca por uma figura que mantenha o fervor e o apoio que o ex-presidente conseguiu.

A esquerda vai se reinventar ?

Na esquerda, o cenário é de busca por um novo nome que possa carregar o legado de Lula. Guilherme Boulos (PSOL), conhecido por seu ativismo e atuação no movimento dos sem-teto, tem se destacado como uma voz forte e jovem. Nos bastidores, ele é comparado a Lula quando era mais jovem e sua capacidade de mobilizar setores mais radicais da esquerda o torna um candidato potencial. Fernando Haddad (PT), que já foi candidato em 2018, continua sendo um nome influente dentro do partido, especialmente por sua experiência como Ministro da Fazenda, no entanto os escândalos econômicos podem dificultar que ele seja visto como sucessor de Lula. O desempenho nas urnas e a aceitação por outros grupos de esquerda ainda são questões a serem superadas.

A esquerda percebe a necessidade de se reinventar, diversificando suas lideranças para além da bolha petista. Por isso mesmo, João Campos (PSB), prefeito do Recife, embora não seja do PT, tem sido visto como representante de uma nova geração da política progressista, com potencial para expandir sua influência para além dos limites regionais e da influencia da extrema esquerda, que é exatamente o que os esquerdistas entenderam que precisam.

Os herdeiros da direita

A direita, por sua vez, olha para ícones que emergiram espontaneamente e já se consolidam no imaginário como representantes populares, representando não apenas eleitorado conservador em si, mas aos anseios da população brasileira. Nikolas Ferreira (PL), deputado federal mais jovem e recorde de votos no Brasil, é justamente esta figura. Ele tem capturado a atenção com seu discurso pragmático, que consegue capturar o sentimento do povo – como no caso da desconfiança sobre o monitoramento do Pix – evidenciando que a comunicação eficaz já é vista como uma habilidade indispensável pelo eleitorado brasileiro. Embora Nikolas não possa, legalmente, disputar a presidência em 2026 devido à idade mínima exigida de 35 anos, há um projeto de lei em discussão no Congresso que poderia reduzir essa idade para 30 anos. Ainda assim, a aprovação desse projeto parece remota no cenário legislativo atual.

Deste modo, os principais nomes que poderiam pragmaticamente assumir esse nicho e que tem aprovação direta do ex-presidente Bolsonaro são sua esposa Michelle Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro. Michelle, com seu papel de primeira-dama no governo de Jair Bolsonaro, já demonstrou apelo entre os conservadores, especialmente entre o público feminino. Mesmo o nicho da esquerda a vê como uma figura semioticamente superior a atual primeira dama Janja, por exemplo. Eduardo, por sua vez, como deputado federal, já tem um pé no cenário político nacional e boas relações internacionais com presidentes conservadores em outros países, como Donald Trump e Javier Milei. Na bolha da direita, ele já e visto como um herdeiro natural do movimento conservador.

Mesmo sem Lula e Bolsonaro na disputa, a polarização seguirá como uma marca das eleições nacionais. A disputa ideológica não depende apenas de figuras, mas dos temas que elas representam. A esquerda continuará a lutar por reformas sociais e justiça econômica, enquanto a direita defenderá a manutenção de valores tradicionais, a segurança e a liberdade econômica. Essa divisão do país em termos de ideologia não desaparece com a mudança de líderes, mas se adapta e se redefine com novas vozes.


Siga-nos no Google News Portal CM7