PM atira em entregadora durante briga de trânsito no bairro São Jorge; veja vídeo
Manaus – Uma briga de trânsito no bairro São Jorge, Zona Oeste de Manaus, na noite de 28 de novembro, terminou com agressões, perseguição e um disparo de arma de fogo realizado por um policial militar contra duas entregadoras. Samella Feitosa Prata, de 28 anos, e Rafaela Magalhães de Azevedo, de 25 anos, que faziam entregas de lanches, foram as vítimas do ataque protagonizado pelo cabo da Polícia Militar Marcelo Jean Ramos Lins.
O incidente começou quando o motorista do Volkswagen Gol preto, placa JWY-3771, deu ré de forma abrupta e colidiu com a motocicleta conduzida por Samella. O impacto derrubou as duas mulheres. Rafaela, irritada com a situação, teria batido no retrovisor do carro para chamar a atenção do motorista.
Após a colisão, as entregadoras seguiram para a próxima entrega, mas perceberam que estavam sendo perseguidas pelo mesmo veículo. “Quando ela olhou pelo retrovisor e me disse que o carro estava seguindo a gente, já era tarde. Ele chegou do nosso lado, apontou a arma e mandou encostar. Ele nem se identificou como policial”, relatou Rafaela.
O ataque
Ao se aproximar das jovens na avenida Constantino Nery, Marcelo disparou contra a motocicleta, causando um zumbido no ouvido de Samella, que perdeu o controle do veículo e sofreu uma queda violenta. A motocicleta ficou inutilizável, e Samella fraturou o braço esquerdo.
Enquanto as vítimas ainda estavam no chão, Marcelo se aproximou, tentou arrancar o capacete de Samella e proferiu ameaças, afirmando que era policial e que “nada aconteceria com ele”. As jovens também relataram que o policial usou termos homofóbicos e mencionou características físicas de Samella, como seu cabelo curto e tatuagens.
A reação dos motoboys
O episódio atraiu a atenção de outros motoboys que passavam pela região. Eles cercaram o carro de Marcelo e o obrigaram a retornar ao local do acidente. Apesar disso, o policial se recusou a prestar socorro às vítimas e fugiu com seu passageiro, Sebastião Oliveira da Silva Filho.
Impacto emocional e financeiro
Samella, emocionada, relatou que o ataque interrompeu seus planos de se formar como técnica de enfermagem. “Eu pagava meu curso com o dinheiro das entregas. Agora, com o braço fraturado, não consigo trabalhar. Tive que trancar tudo. Meu sonho vai ser adiado”, lamentou.
Rafaela também destacou a gravidade da situação. “Ele atirou para matar. E mesmo vendo a gente no chão, feridas, ele continuou a nos ameaçar. Foi desumano.”
Medidas legais e investigações
O advogado das vítimas, Lucivan Araújo, afirmou que já está tomando as providências legais. “Estamos protocolando denúncias na Corregedoria da Polícia Militar e no comando da PM. Também buscaremos a reparação dos danos causados, enquanto aguardamos o relatório final do inquérito”, declarou.
Até o momento, a Corregedoria da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) não se manifestou sobre o caso. A reportagem tentou contato com o cabo Marcelo Jean Ramos Lins, mas não obteve resposta.
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