Vale tem lucro líquido de R$ 6,3 bi no 1º tri e supera expectativas
RIO – A Vale teve lucro de R$ 6,31 bilhões no primeiro trimestre de 2016, contra um prejuízo de R$ 9,69 bilhões registrado em igual período do ano anterior. É uma guinada sobre o resultado do quarto trimestre de 2015, de perda de R$ 33,2 bilhões, num ano em que a mineradora amargou o pior resultado desde a privatização da companhia, com prejuízo de R$ 44,2 bilhões.
O bom desempenho nos primeiros meses de 2016 foi impulsionado pela recuperação do preço do minério de ferro no mercado internacional, a valorização do real frente ao dólar e também por recordes de produção, além da redução de custos e despesas de R$ 3,71 bilhões frente a outubro a dezembro.
Murilo Ferreira, presidente da Vale, em teleconferência com analistas na manhã desta quinta-feira, destacou que a estratégia da empresa é clara: “fortalecer o balanço e reduzir a dívida líquida”, demonstrando satisfação com o resultado do primeiro trimestre.
— Reforço nosso comprometimento com a redução da dívida líquida da companhia. Estamos focados no crescimento operacional, mantendo o projeto de desinvestimento e otimização de ativos — disse Ferreira, em teleconferência com analistas na manhã desta quinta-feira. — As contas a receber subiram e o capital de giro tende a ser maior no segundo trimestre.
A receita líquida da Vale encolheu para R$ 22 bilhões de janeiro a março, puxada por menores vendas em finos de minério de ferro, metais básicos e fertilizantes. É desempenho 3% menor que o de outubro a dezembro, mas 22% abaixo do registrado no primeiro trimestre de 2015. A dívida líquida totalizou R$ 98,43 bilhões, quase estável em comparação aos R$ 98,53 bilhões no fim de 2015.
O Ebitda, contudo, indicador de caixa da companhia, chegou a R$ 7,68 bilhões, avanço de 43% sobre o quatro trimestre e de 66% em 12 meses.
RECORDES DE PRODUÇÃO E MENOR PREÇO
No primeiro trimestre, a Vale bateu recordes de produção para o período em minério de ferro, pelotas, níquel e cobre. Os preços do minério de ferro subiram aproximadamente 25% nos três primeiros meses do ano, o que, junto com o menor preço do frete, ajudaram a mineradora a ampliar as margens e também a geração de caixa.
Os custos de produção caíram. O do minério de ferro entregue na China encolheu de US$ 31, no quarto trimestre de 2015, para US$ 28.
Murilo Ferreira se disse otimista com a recuperação do mercado chinês:
— Minha percepção é que o mercado físico está numa posição bem melhor na China do que poderíamos esperar em agosto de 2015. Houve grande progresso em relação à posição de crédito, alongamento de dívidas dos municípios e províncias, o que permitiu uma folga, trazendo movimentos visíveis do lado da infraestrutura.
“Vamos continuar trabalhando para aumentar a nossa competitividade, concluir o nosso principal projeto — S11D (expansão da extração de minério de ferro de Carajás — e, portanto, reduzir a nossa dívida e voltar a pagar dividendos generosos para os nossos acionistas. Esse é o nosso objetivo”, declarou o diretor financeiro Luciano Siani em vídeo divulgado pela companhia nesta manhã.
Sobre a situação da Samarco, a companhia informou que, em conjunto com a empresa e com a BHP Billiton, concluíram acordo com as autoridades brasileiras que “provê uma estrutura para a remediação e compensação capaz de responder aos impactos causados pela ruptura da barragem da Samarco e acelerar as medidas de remediação ambiental e reparação das pessoas afetadas”
— O acordo não trará de volta as vidas perdidas. O caminho será longo. Mas estou seguro de que estamos tomando o caminho certo — disse Ferreira na teleconferência com analistas brasileiros nesta manhã.
A companhia anunciou ainda o encerramento do programa de listagem de suas HDRs, recibos de ações, na Bolsa de Valores de Hong Kong, sujeito à aprovação da bolsa asiática, que pode ocorrer ainda nesta quinta-feira.
Declarou ainda que não planeja retomar o projeto de potássio Rio Colorado, na Argentina, sem contar com investimentos de parceiros.