Petrobras salta 16% e Vale, 11%, puxando Bolsa; dólar cai a R$ 3,95
RIO – A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) avança 4,07% nesta segunda-feira, aos 43.234 pontos, e o dólar comercial caiu quase 2% acompanhando o clima de otimismo nos mercados globais com o salto das commodities. Com isso, as ações de Petrobras e Vale foram destaque, disparando 16% e 11%, respectivamente. Com o movimento, a estatal ganhou R$ 10,9 bilhões em valor de mercado durante o pregão (para R$ 83,4 bilhões), e a Vale, R$ 5,6 bilhões (a R$ 61,3 bilhões).
Segundo alguns analistas, também contribuiu para o bom humor dos investidores no mercado brasileiro a nova fase da operação Lava-Jato, da Polícia Federal, com a expedição de mandado de prisão temporária pela Justiça para o marqueteiro João Santana, que coordenou as campanhas da presidente Dilma Rousseff.
Contra o real, o dólar comercial fechou em queda de 1,78% nesta segunda-feira, com a moeda americana cotada a R$ 3,949 na compra e a R$ 3,951 na venda. Com a disparada das commodities, o dólar caiu contra a maioria das moedas de países emergentes. Contra a cesta com as dez principais divisas globais, porém, o dólar subiu 0,21%, segundo o índice Dollar Spot, da Bloomberg. Isso porque a libra teve a maior queda frente ao dólar em sete anos (1,9%, para US$ 1,412) depois de o prefeito de Londres, Boris Johnson, ter afirmado que fará campanha a favor da saída do Reino Unido da União Europeia em referendo em junho.
O minério de ferro com teor de 62%, referência no mercado internacional, subiu 6,2% hoje, para US$ 51,52 a tonelada, dando continuidade ao processo de valorização desencadeado pelo aumento de produção das siderúrgicas chineses e pela redução de produção das maiores mineradoras do mundo. O valor registrado hoje é o maior desde 27 de outubro. No ano, o minério já subiu 18%, contra queda de 39% em 2015.
O petróleo do tipo Brent, por sua vez, avança 4,73%, a US$ 34,57 o barril, com a especulação de que o excesso de oferta do produto nos mercados internacionais deve ser reduzido com a diminuição de produção em alguns dos maiores produtores globais anunciada na semana passada. Autoridades russas afirmaram que as conversas sobre o congelamento da produção vão acontecer em 1º de março.
As ações da Petrobras ON subiram 16,14% (R$ 7,41) — a maior alta diária do papel desde 10 de março de 1999 — e as PN subiram 13% (R$ 5,04). A Vale ON avançou 11,07% (R$ 13,14), enquanto a PN subiu 8,17% (R$ 9,40).
— O mercado local hoje está sendo mais influenciado pelo desempenho externo. Teve uma notícia na China sobre a renúncia do presidente do órgão equivalente à nossa CVM, e outra sobre a redução do imposto de venda para determinados imóveis no país. Os movimentos foram vistos como positivos para o mercado — disse Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut.
Entre os bancos, o Banco do Brasil ON subiu 4,61% (R$ 13,61). O Bradesco PN avançou 5,23% (R$ 20,92). O Itaú Unibanco ON teve alta de 4,03% (R$ 25,22).
— O mercado brasileiro, como é muito carregado em ações ligadas a commodities, acaba sendo muito influenciado por esses movimentos do mercado internacional — disse Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos, no Rio. — Nos próximos dias, o comportamento da Bolsa vai depender também dos preços dessas commodities, mas o comportamento é também de muito volatilidade. O importante porém é que, no caso do petróleo, aparentemente, o patamar de US$ 30 não deve ser rompido com muita facilidade depois da iniciativa de redução da produção.
MERCADOS EXTERNOS EM ALTA
O dia começou em alta nos mercados asiáticos. Os investidores comemoraram a decisão do governo de Pequim, que substituiu o chefe do principal regulador de valores mobiliários do país e sinalizou que o governo está aumentando seus esforços de estímulos econômicos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançando 2,2%, enquanto o principal índice da Bolsa de Xangai teve alta de 2,37%.
Na Europa, as Bolsas fecharam com forte alta, acompanhando a valorização das commodities. O índice de referência do continente Euro Stoxx 50 subiu 2,19%, enquanto a Bolsa de Londres subiu 1,47%. Em Paris, o pregão fechou em alta de 1,79%, e em Frankfurt, de 1,98%.
Nos EUA, o índice Dow Jones sobe 1,52%, enquanto o S&P 500 sobe 1,50%. O Nasdaq registra valorização de 1,47%.