Dólar e Bolsa caem em dia poucos negócios com feriado nos EUA
RIO – Em dia de poucos negócios no mercado financeiro global por causa do feriado do “Memorial Day” nos Estados Unidos e o feriado bancário em Londres, o dólar comercial fechou em baixa de 0,85% contra o real, cotado a R$ 3,579 para venda. No mercado acionário, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 0,18%, aos 48.964 pontos. O volume de negociações somou apenas R$ 2,11 bilhões, 74% abaixo da média diária de abril.
No cenário político, os investidores monitoraram com cautela os desdobramentos de novas gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, no âmbito de sua delação premiada, reveladas no domingo pelo “Fantástico”, da TV Globo. os áudios mostram o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, orientando o presidente do Senado, Renan Calheiros, a não antecipar informações à Procuradoria-Geral da República na Operação Lava-Jato. Segundo a delação premiada de Machado, Silveira também teria procurado agentes do Ministério Público Federal para levantar informações sobre Renan nas investigações.
— O mercado parece ter reagido de maneira neutra às novas gravações, apesar de elas terem sido, mais uma vez, negativas ao governo interino. A grande questão é saber como é que o governo Temer vai lidar com esses casos. No câmbio, o dólar havia subido por causa do Fed, mas a percepção de que os juros vão subir pelo menos duas vezes este ano já parece estar no preço — afirmou João Pedro Brugger, da Leme Investimento.
Entre os indicadores domésticos, o de maior peso é referente as contas públicas, que voltaram ao azul em abril. O governo central (composto por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou superávit primário de R$ 9,751 bilhões, acima da expectativa dos analistas.
— O mercado local está muito sensível hoje porque, com a pouquíssima liquidez devido aos feriados nos EUA e no Reino Unido, qualquer fluxo de compra ou venda para uma ação provoca mudanças nas cotações — disse Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da corretora H. Commcor. — No geral, os investidores também estão cautelosos com dois fatores. Um deles é o receio de haver mais gravações que desestabilizem o governo Temer; além disso, todo mundo aguarda o anúncio de mais medidas econômicas.
Na sexta-feira, a moeda americana fechou a R$ 3,608 na compra e a R$ 3,610 na venda, com valorização de 0,30% ante o real. A divisa subiu 2,61% na semana passada. A moeda americana ganhou força em escala global na sexta-feira, depois de a presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Janet Yellen, ter sinalizado para uma nova alta de juros nos próximos meses, em ritmo gradual. Já o Ibovespa recuou 0,87%, aos 49.051 pontos, acumulando uma queda de 1,35% na semana.
Nas Bolsas europeias que abrem hoje, os pregões registram leva valorização. O índice de referência Euro Stoxx sobe 0,24%, enquanto a Bolsa de Paris tem alta de 0,14%. Em Frankfurt, a valorização é de 0,36%.
Entre as ações brasileiras, a Petrobras ON subiu 0,86% (R$ 10,58), e a PN, 1,82% (R$ 8,38). A companhia foi influenciada pelo comportamento do petróleo, que sobe com conflitos com o Estado Islâmico ocorrendo perto da zona de produção na Líbia, além da especulação dos investidores sobre a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na quinta-feira. O barril do tipo Brent para entrega em julho avançou 0,9% em Londres, para US$ 49,76.
Outra influência para a Petrobras é a carta de renúncia do atual presidente, Aldemir Bendine, que foi entregue ao Conselho de Administração da companhia na manhã desta segunda durante reunião para apreciar o nome de Pedro Parente para assumir o cargo.
Na Vale, a ação ON recuou 0,07% (R$ 14,28), e a PN teve baixa de 0,18% (R$ 11,37).
Entre os bancos, o Banco do Brasil ON subiu 1,74% (R$ 16,41). O Bradesco PN caiu 0,29% (R$ 24), e o Itaú Unibanco fechou estável (R$ 29,70).