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Sentar de perna aberta pode virar crime: “manspreading”, denunciam feministas

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Sentar de perna aberta pode virar crime: "manspreading", denunciam feministas

Brasil – Feministas inventaram uma nova reclamação: homem que senta com perna aberta. O ato, inclusive, já ganhou nome em inglês, o “manspreading”, algo como “homem espalhado”, e virou alvo de campanhas.

A mais célebre se deu no metrô de Madri, onde a empresa municipal de transportes usou placas com a figura de um homem sentado, com as pernas abertas, ao lado de um grande X, em 2017. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da UFMG, Marlise Matos afirma que dar nome a comportamentos do tipo é importante para torná-los visíveis. “Assim, politizamos dimensões cotidianas da vida que passam despercebidas na sociedade patriarcal”, afirma.

Ela cita as campanhas “Não é não!” e “Chega de fiu fiu” como iniciativas do tipo importantes no Brasil para coibir posturas abusivas masculinas, mas reconhece que as companhias de transporte poderiam se empenhar mais no tema. “Ações publicitárias massivas são um bom recurso para criar o debate. Se não, as pessoas acham que o problema não existe.”

A auxiliar administrativa Mariana Nereu, de 29 anos, pega quatro ônibus por dia. Ela mora em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e trabalha na capital. Em São Paulo, a estudante Sophia Beneri, de 22, utiliza a mesma quantidade de coletivos no trajeto casa-faculdade de Educomunicação, na USP. A distância que as separa, entretanto, não impede que ambas compartilhem cotidianamente uma realidade inconveniente: lidar com homens que insistem em sentar-se de pernas abertas no transporte público. “Eles ocupam o lugar de uma pessoa e meia e eu tenho que viajar no lugar de meia”, reclama Mariana.

Um problema que tampouco se restringe ao Brasil. De tanto incomodar, já ganhou nome em inglês, o “manspreading”, algo como “homem espalhado”, e virou alvo de campanhas. A mais célebre se deu no metrô de Madri, onde a empresa municipal de transportes usou placas com a figura de um homem sentado, com as pernas abertas, ao lado de um grande X, em 2017.

Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da UFMG, Marlise Matos afirma que dar nome a comportamentos do tipo é importante para torná-los visíveis. “Assim, politizamos dimensões cotidianas da vida que passam despercebidas na sociedade patriarcal”, afirma. Ela cita as campanhas “Não é não!” e “Chega de fiu fiu” como iniciativas do tipo importantes no Brasil para coibir posturas abusivas masculinas, mas reconhece que as companhias de transporte poderiam se empenhar mais no tema. “Ações publicitárias massivas são um bom recurso para criar o debate. Se não, as pessoas acham que o problema não existe.”

Enquanto isso não vira uma realidade por aqui, as redes sociais estão cheias de reclamações e fotos compartilhadas por usuárias de ônibus, metrô e trem, como Mariana e Sophia. “De tanto passar por essa situação, evito viajar ao lado de homens”, afirma Mariana. Sophia, por sua vez, lembra como é arriscado pedir para eles fecharem as pernas. “Às vezes, peço licença, e continuam do mesmo jeito. Nunca sabemos como vão reagir.”

Nos posts que falam sobre o tema, não faltam homens argumentando que mantêm as pernas abertas por causa de um suposto desconforto com a genitália. Uma autêntica conversa fiada, segundo o médico Eduardo Bertero, membro do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. “Mesmo que ele tenha uma bolsa escrotal grande ou um pênis acima da média, é possível ajeitá-los”, ensina. “Sentar-se dessa maneira é só falta de educação mesmo.”


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