Vendendo a soberania: Brasil dá para China a maior reserva de urânio do país, que está no Amazonas
Amazonas – A China Nonferrous Trade Co. Ltd. (CNT), subsidiária do conglomerado estatal China Nonferrous Metal Mining Group Co., adquiriu a maior reserva de urânio do Brasil, localizada em Presidente Figueiredo, no Amazonas. O negócio, firmado na madrugada desta terça-feira (26), já repercute internacionalmente, levantando preocupações sobre a gestão de recursos estratégicos e a soberania nacional.
Um recurso estratégico em mãos estrangeiras
O urânio, fundamental para a geração de energia nuclear e amplamente utilizado na indústria militar, é um material de extrema relevância estratégica. No Brasil, sua aplicação se concentra em usinas nucleares, que utilizam 99% do minério para geração de energia. A transação, portanto, não é apenas um marco econômico, mas também geopolítico, com potenciais implicações para a segurança nacional.
A reserva adquirida está situada no município de Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros de Manaus, e vinha sendo administrada pela Mineração Taboca, empresa controlada pela peruana Minsur S.A. Em comunicado oficial, a Taboca confirmou a transferência de 100% de suas ações à CNT, destacando que o acordo representa uma oportunidade de crescimento estratégico. Para os peruanos, o negócio foi literalmente “da China”, mas para o Brasil, a transação levanta questões delicadas sobre a soberania sobre seus recursos naturais.
Reações e impacto local
Embora a venda prometa atrair investimentos para a região, com potenciais benefícios econômicos para Presidente Figueiredo e o estado do Amazonas, a transferência de controle para uma estatal estrangeira acende o alerta entre especialistas. O urânio é classificado como recurso estratégico pela Constituição brasileira, e sua exploração está sujeita a regulamentações rígidas. A negociação, portanto, levanta dúvidas sobre a conformidade com a legislação nacional e o grau de envolvimento do governo brasileiro no processo.
Por outro lado, as comunidades locais e ambientalistas questionam os impactos de um aumento na exploração mineral em uma região sensível do ponto de vista ambiental e social. Presidente Figueiredo, conhecida por suas cachoeiras e biodiversidade, pode sofrer transformações significativas com o aumento das atividades mineradoras.
Dependência estratégica da China
A compra da maior reserva de urânio do Brasil é mais um capítulo no crescente domínio chinês sobre setores estratégicos no país. A China já lidera investimentos estrangeiros no Brasil, especialmente em áreas como mineração, energia e infraestrutura. Essa dependência, embora econômica e comercialmente vantajosa no curto prazo, pode limitar a autonomia do Brasil em decisões estratégicas de longo prazo, especialmente em um cenário geopolítico global cada vez mais polarizado.
Governança em xeque
A ausência de um posicionamento oficial do governo brasileiro até o momento agrava as incertezas. A transação ocorre em um momento em que o país debate o equilíbrio entre atrair investimentos estrangeiros e proteger sua soberania. Essa negociação específica, envolvendo um recurso tão sensível quanto o urânio, coloca a governança brasileira sob os holofotes e promete desencadear intensos debates no Congresso Nacional e na sociedade civil.
Bolsonaro avisou
Três dias após a declaração, foi anunciada a venda da maior reserva de urânio do Brasil, em Presidente Figueiredo (AM), para uma estatal chinesa. A transação reacende o debate sobre a proteção dos recursos estratégicos do país e dá força às críticas de Bolsonaro sobre o atual governo estar favorecendo potências estrangeiras em áreas sensíveis.