Saúde do AM em colapso: pai denuncia negligência com sua bebê recém-nascida na Maternidade Balbina Mestrinho
Manaus – Mais um escândalo na saúde pública do Amazonas foi registrado. Na noite desta quarta-feira (11), o pai de uma bebê recém-nascida, Lucas Nascimento, em uma entrevista exclusiva ao Portal e TV CM7 Brasil denunciou a Maternidade Balbina Mestrinho por negligência médica.
Segundo Lucas, a recém-nascida teria saído da UTI, com uma fissura no braço e a maternidade não teria dado nenhuma explicação sobre o motivo da situação, o deixando completamente indignado.
Ainda segundo ele, inconformado, procurou a assistente social do hospital, bem como a direção, para saber o motivo da bebê ter aparecido com braço enfaixado, visto que quando a mãe a deixou no local ela estava com os braços normais, mas não obteve nenhuma informação.
Dado os fatos e sem nenhum retorno, ele procurou a equipe de reportagem do CM7 Brasil para tentar chamar atenção do Poder Público em busca de justiça pela sua filha, que foi vítima de uma negligência médica e do descaso da gestão de saúde do Amazonas. Agora ele luta para que as autoridades investiguem a motivação de estarem supostamente escondendo o fato da bebê ter sido entregue enfaixada para a mãe.
O Portal e T V CM7 Brasil deixa o espaço aberto para a manifestação da direção da Maternidade Balbina Mestrinho sobre o caso. Os pais da recém-nascida entregaram a equipe de reportagem todos os exames e documentos referente a internação e procedimentos realizados para respaldo, que não serão divulgados pela privacidade dos dados pessoais.
Os pais da bebê realizaram um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e um exame de corpo e delito foi solicitado pelo Instituto Médico Legal (IML), que foi realizado nesta quarta-feira (11).
Confira a reportagem:
Mortes e corrupção: escândalos na saúde deixam marcas no governo Wilson Lima
A gestão do governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), enfrenta uma intensa crise na saúde pública do Amazonas. Mortes, negligência médica, corrupção, atrasos salariais, hospitais superlotados e a falta de medicação, são apenas alguns fatores que tem sido destaque na gestão do governador.
Um escândalo no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, uma das principais unidades de saúde do estado, veio à tona antes mesmo que o ano acabasse. A diretora do hospital, Júlia Fernanda Miranda Marques, e duas funcionárias da unidade, Querciane Souza Alves e Lane Lima Nascimento, estão sendo acusadas de envolvimento em crimes graves, como corrupção passiva e contratação ilegal, de acordo com uma denúncia formal apresentada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).
Além disso, vale ressaltar que o Governo do Amazonas decidiu ignorar a decisão cautelar da conselheira Yara Lins, presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), e efetuar o pagamento de R$ 33 milhões à Organização Social (OS) Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (AGIR).
A empresa que recebeu o montante é a responsável por administrar o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu, duas das principais unidades de saúde localizadas em Manaus. A suspensão do contrato foi efetuada por suspeitas de irregularidades no processo licitatório.
O episódio gerou críticas intensas de diversos setores. Especialistas e parlamentares denunciam a prioridade dada ao repasse milionário em detrimento dos pagamentos aos profissionais de saúde que mantêm os serviços básicos funcionando.
“O governo demonstra total desprezo pelos trabalhadores e pela transparência pública ao priorizar o pagamento à OS, mesmo diante de uma decisão cautelar do TCE. Isso é uma afronta à fiscalização e à legalidade”, afirmou um dos denunciantes.
A decisão de manter a AGIR na gestão das unidades de saúde reacendeu as críticas ao modelo de Organizações Sociais no Amazonas, com muitos apontando que a terceirização aumenta o risco de desvios e prejudica o atendimento à população. O embate entre o TCE-AM, que investiga possíveis irregularidades, e o Governo do Amazonas, que justifica a manutenção do contrato para evitar o colapso da saúde pública, intensifica a desconfiança entre as instituições.
Com as investigações em andamento, a situação expõe falhas na coordenação entre os órgãos de controle e o Executivo, deixando os profissionais de saúde e pacientes à mercê de uma gestão marcada pela incerteza.
Outros escândalos e prejuízo bilionário
Esta não é a primeira vez que o Hospital 28 de Agosto se vê envolvido em um escândalo de corrupção. Em junho de 2023, uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-AM, desmantelou um esquema criminoso que causou um prejuízo estimado em R$ 2 milhões aos cofres públicos.
A investigação revelou que as gestoras da unidade hospitalar favoreciam uma empresa para a contratação de serviços de portaria, com sobrepreço, além de receberem repasses financeiros por meio de uma empresa de gestão esportiva ligada ao time presidido por Henrique Barbosa. Este esquema levou à prisão de Júlia Fernanda Miranda Marques e gerou grande repercussão, deixando o hospital ainda mais marcado pela corrupção.
Impacto na saúde pública e na imagem do Governo
O novo escândalo coloca mais uma vez a gestão pública no Amazonas sobre questionamento, especialmente na área da Saúde, que já enfrenta sérios problemas estruturais. O Hospital 28 de Agosto, embora seja uma das principais unidades de atendimento do estado, sofre com críticas constantes sobre a falta de recursos, insumos e profissionais, além de condições inadequadas de trabalho. As acusações de corrupção nos altos escalões do hospital vêm a público em um momento de crescente insatisfação popular com a administração de Wilson Lima, já marcada por outras denúncias de irregularidades e pela falta de ações preventivas para sanar problemas de longa data no serviço público.
A pressão sobre o governador aumenta, com a população exigindo mais transparência, fiscalização rigorosa e a punição dos responsáveis pelos esquemas de corrupção que comprometem o funcionamento da saúde pública.
Promotor destaca gravidade das acusações
O promotor de Justiça Carlos Fábio Braga Monteiro, responsável pela investigação, afirmou que as provas contra as acusadas são sólidas e que a aplicação das penas previstas, incluindo prisão e perda de cargos públicos, deve ser solicitada ao Judiciário. O processo está em tramitação na 4ª Vara Criminal de Manaus, e o julgamento deve ocorrer nos próximos meses.
Enquanto isso, a Secretaria de Estado de Saúde ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações e as medidas que pretende adotar diante dos novos desdobramentos.
A população amazonense segue atenta ao desenrolar do caso, cobrando respostas e ações concretas do governo. O escândalo no Hospital 28 de Agosto reflete a insatisfação com a gestão da saúde no estado e reforça a necessidade urgente de uma reforma administrativa que garanta maior eficiência, transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos públicos.
A expectativa é que, além da punição dos envolvidos, medidas sejam tomadas para restaurar a confiança da população na gestão pública estadual, especialmente em um momento em que a saúde é um dos temas mais críticos para a sociedade.