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“Repiquete”: Rio Negro volta a secar e causa preocupação na população do Amazonas

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"Repiquete": Rio Negro volta a secar e causa preocupação na população do Amazonas

Brasil -O nível do rio Negro voltou a apresentar queda desde esta segunda-feira (28/10), o fenômeno conhecido como “repiquete”, e a atingiu nesta terça-feira (29/10) a marca de 12,25 metros, 46 centímetros abaixo da registrada no mesmo período de 2023. Essa nova baixa, medida pelo Porto de Manaus, tem gerado apreensão entre a população do Amazonas, que já enfrentou este ano a pior vazante histórica em mais de um século.

Após alcançar o ponto mais baixo da série histórica, 12,11 metros em 9 de outubro, o rio Negro voltou a subir e atingiu 12,50 metros no dia 23. No entanto, nos últimos dias, a situação se reverteu, com uma queda total de 21 centímetros. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, o repiquete ocorre devido à falta de chuvas suficientes para manter o nível dos rios, fenômeno que tem se tornado cada vez mais frequente.

Impacto e Comparações Históricas

O repiquete de 2024 é mais um episódio de instabilidade hídrica que preocupa tanto a comunidade quanto especialistas. Em 2016, ano em que o fenômeno foi severo, o rio Negro estabilizou após a vazante e voltou a descer, registrando um ciclo de “sanfona” até meados de dezembro. “Esse efeito sanfona é característico do regime das águas da região, especialmente em anos de chuvas irregulares”, explica o professor José Camilo Lacerda, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ele destaca que o repiquete é uma resposta direta às variações de chuvas nas cabeceiras e ao represamento natural provocado pela confluência com o rio Solimões.

A última década tem sido marcada por repiquetes e vazantes acentuadas. Em 2020, a instabilidade também se mostrou presente, mas de maneira menos drástica do que em 2016. Já em 2023, o rio Negro chegou ao menor nível da série histórica, com 12,70 metros, o que reforça o alerta sobre as consequências das mudanças climáticas e da falta de chuvas constantes na Amazônia.

Preocupação com o Futuro

Com o orçamento da Prefeitura de Manaus estimado em R$ 10,5 bilhões para 2025, espera-se que saúde, segurança e infraestrutura sejam priorizados, incluindo ações de enfrentamento às crises hídricas. No entanto, o fenômeno de secas cada vez mais intensas levanta preocupações não apenas econômicas, mas também sociais e ambientais, exigindo que o poder público e a população estejam atentos e preparados para os desafios do próximo ano.

A continuidade do repiquete e da vazante, com o nível do rio Negro novamente em queda, ressalta a urgência de medidas que possam mitigar os efeitos das secas sobre as comunidades que dependem diretamente do rio para seu sustento e para o abastecimento de água em Manaus e em outras cidades do Amazonas.


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